IELP NA MÍDIA | Decretos de ‘lockdown’ detonam guerra judicial entre prefeituras e supermercados

Vári­as pre­fei­tu­ras do país endu­re­ce­ram as res­tri­ções de cir­cu­la­ção de pes­so­as para con­ter o avan­ço do coro­na­ví­rus. Em alguns casos, as novas medi­das atin­gem o fun­ci­o­na­men­to de seto­res essen­ci­ais, como super­mer­ca­dos e pada­ri­as. Esse é o caso de São José do Rio Pre­to e Ribei­rão Pre­to, ambas no inte­ri­or de São Pau­lo, que proi­bi­ram o aten­di­men­to pre­sen­ci­al nes­ses estabelecimentos.

Que proi­bi­ções foram esta­be­le­ci­das? Nas duas cida­des, decre­tos muni­ci­pais deter­mi­na­ram que esses seto­res só podem fun­ci­o­nar por meio de deli­very até domin­go (dia 21).

Em Ribei­rão Pre­to, onde as res­tri­ções foram anun­ci­a­das na ter­ça, com entra­da em vigor no dia seguin­te, a popu­la­ção cor­reu aos super­mer­ca­dos, geran­do filas e aglomerações.

E qual foi a rea­ção dos super­mer­ca­dos? A Apas (Asso­ci­a­ção Pau­lis­ta de Super­mer­ca­dos) entrou com ações na Jus­ti­ça para der­ru­bar as res­tri­ções nas duas cidades.

Em São José do Rio Pre­to, a 1ª Vara da Fazen­da Públi­ca da cida­de deter­mi­nou a sus­pen­são dos efei­tos do decre­to muni­ci­pal, auto­ri­zan­do o fun­ci­o­na­men­to regu­lar dos super­mer­ca­dos no muni­cí­pio. A Pre­fei­tu­ra, no entan­to, já recor­reu da decisão.

Mas são só essas res­tri­ções? Não. Em cida­des do Sul, os decre­tos muni­ci­pais estão proi­bin­do a ven­da de pro­du­tos não essen­ci­ais. O temor a Apas é que essas proi­bi­ções se espa­lhem pelo país.

O que os super­mer­ca­dos ale­gam? Em nota, a Apas afir­ma que “é total­men­te desar­ra­zo­a­do que pre­fei­tos difi­cul­tem o abas­te­ci­men­to da popu­la­ção ou deci­dam quais itens são essen­ci­ais para as pes­so­as”. “Fechar os super­mer­ca­dos tor­na ain­da mais com­pli­ca­do o deli­ca­do momen­to que a nos­sa soci­e­da­de atra­ves­sa e faz imi­nen­te o agra­va­men­to do deli­ca­do qua­dro de vul­ne­ra­bi­li­da­de soci­al que exis­te em nos­so país, o que pode trans­for­mar o Bra­sil no pal­co de uma devas­ta­do­ra tra­gé­dia humanitária.”

Para a enti­da­de, o aten­di­men­to por deli­very não fun­ci­o­na. “É teme­ro­so ima­gi­nar que os super­mer­ca­dos con­se­guem aten­der toda a popu­la­ção de uma cida­de, qual­quer cida­de, por deli­very. Assim como os lei­tos hos­pi­ta­la­res pre­ci­sam ser ali­vi­a­dos por­que já não supor­tam mais a deman­da exis­ten­te, a popu­la­ção não pode ficar desa­bas­te­cia e ter supri­mi­do ou difi­cul­ta­do o seu direi­to de aces­so aos ser­vi­ços essen­ci­ais pres­ta­dos pelos supermercados.”

E quem está com a razão nes­sa bri­ga? Quem vai ganhar a melhor na guer­ra judi­ci­al? Essa é uma bri­ga difí­cil de pre­ver qual será o resul­ta­do. “Essa é uma ques­tão mui­to con­tro­ver­sa, pois os dois lados têm argu­men­tos mui­to for­tes”, diz Rapha­el Sodré Cit­ta­di­no pre­si­den­te do IELP (Ins­ti­tu­to de Estu­dos Legis­la­ti­vos e Polí­ti­cas Públi­cas) e sócio-fun­da­dor do Cit­ta­di­no, Cam­pos e Anto­ni­o­li Advo­ga­dos Associados.

Segun­do ele, deter­mi­na­ções sobre fecha­men­tos ou proi­bi­ções deve­ri­am ocor­rer por meio de lei, e não de decre­tos. “Mas dian­te da excep­ci­o­na­li­da­de do momen­to e das ques­tões sani­tá­ri­as, o Judi­ciá­rio tem enten­di­do que essas res­tri­ções podem ser fei­tas por decreto.”

Além dis­so, o STF (Supre­mo Tri­bu­nal Fede­ral) enten­deu que os gover­na­do­res podem deter­mi­nar suas pró­pri­as medi­das de iso­la­men­to, sem neces­si­da­de de aval do poder federal,

Mas deci­sões muni­ci­pais não podem inter­fe­rir em esfe­ras esta­du­ais ou fede­ral. “Cada qual pode legis­lar den­tro da sua esfe­ra. As res­tri­ções não podem atin­gir aero­por­tos e por­tos, por exem­plo, que são da com­pe­tên­cia federal.”

Por outro lado, segun­do Cit­ta­di­no, os super­mer­ca­dos são enqua­dra­dos como ser­vi­ço essen­ci­al por decre­to fede­ral. “Não dá para cra­var que as limi­na­res a favor dos super­mer­ca­dos serão cas­sa­das. Os dois lados têm argu­men­tos fortes.”

Leia a repor­ta­gem em: https://6minutos.uol.com.br/economia/decretos-de-lockdown-detonam-guerra-judicial-entre-prefeituras-e-supermercados/

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