IELP NA MÍDIA | Entenda os repasses a estados e municípios na pandemia e as suspeitas que estão no alvo da CPI

Des­de abril de 2020, Polí­cia Fede­ral fez qua­se 80 ope­ra­ções con­tra des­vi­os de recur­sos no com­ba­te à Covid

Prin­ci­pal argu­men­to para expan­dir o esco­po da CPI da Covid-19 e tirar um pou­co o foco no gover­no Jair Bol­so­na­ro, as sus­pei­tas de irre­gu­la­ri­da­des no uso de recur­sos trans­fe­ri­dos pela União aos esta­dos e muni­cí­pi­os pro­vo­ca­ram qua­se 80 ações da Polí­cia Fede­ral de um ano para cá.

Esse núme­ro inclui fases dife­ren­tes de uma mes­ma ope­ra­ção. Mui­tas vezes, essas inves­ti­ga­ções foram ini­ci­a­das a par­tir de apu­ra­ções de outro órgão fede­ral, a CGU (Con­tro­la­do­ria-Geral da União).

Gran­de par­te das ope­ra­ções teve como alvos ges­to­res de muni­cí­pi­os, inte­gran­tes de secre­ta­ri­as de saú­de e empre­sas con­tra­ta­das pelas admi­nis­tra­ções, mas algu­mas tam­bém envol­ve­ram governadores.

É o caso da ope­ra­ção que levou ao afas­ta­men­to de Wil­son Wit­zel (PSC) do car­go no Rio de Janei­ro, além do pedi­do da PF ao STJ (Supe­ri­or Tri­bu­nal de Jus­ti­ça) para indi­ci­ar Hel­der Bar­ba­lho (MDB), gover­na­dor do Pará.

Ambos os gover­nan­tes cri­ti­ca­vam a con­du­ção do com­ba­te à pan­de­mia pelo gover­no fede­ral e negam as sus­pei­tas de irre­gu­la­ri­da­des que pesam con­tra eles.

O gover­na­dor do Ama­zo­nas, Wil­son Lima (PSC), tam­bém foi alvo de ope­ra­ção e, na vés­pe­ra da ins­ta­la­ção da CPI, denun­ci­a­do pelo Minis­té­rio Públi­co Fede­ral. Ele nega irregularidades.

As trans­fe­rên­ci­as fede­rais aos esta­dos e muni­cí­pi­os foram fei­tas por meio de diver­sas medi­das do gover­no, entre elas a lei com­ple­men­tar 173 apro­va­da do Con­gres­so, no ano pas­sa­do, que pre­viu auxí­lio da União no valor de R$ 60 bilhões.

Des­se total, R$ 10 bilhões eram des­ti­na­dos exclu­si­va­men­te às áre­as da saú­de e assis­tên­cia soci­al. O res­tan­te ser­via para miti­gar os efei­tos finan­cei­ros cau­sa­dos pela pandemia.

Hou­ve outras trans­fe­rên­ci­as, como uma recom­po­si­ção de valo­res des­ti­na­dos aos fun­dos de par­ti­ci­pa­ção dos esta­dos e muni­cí­pi­os, além de recur­sos do Minis­té­rio da Saúde.

Ao mes­mo tem­po, logo no iní­cio da pan­de­mia, no ano pas­sa­do, foi reco­nhe­ci­da emer­gên­cia de saú­de públi­ca, que faci­li­tou, até o fim de 2020, o aces­so a com­pras rela­ti­vas à pandemia.
“Vári­os esta­dos e muni­cí­pi­os da Fede­ra­ção, tam­bém com o argu­men­to da urgên­cia no enfre­ta­men­to da Covid-19, emi­ti­ram decre­tos esta­du­ais que na mes­ma toa­da da lei fede­ral, afas­ta­ram a neces­si­da­de do pro­ces­so de lici­ta­ção para as com­pras diri­gi­das à pan­de­mia”, dis­se o sena­dor Edu­ar­do Girão (Pode­mos-CE), pró­xi­mo ao gover­no Bol­so­na­ro, em reque­ri­men­to que pediu a inves­ti­ga­ção dos recur­sos transferidos.

Esse reque­ri­men­to é um dos docu­men­tos que ser­vi­ram de base para a ins­ta­la­ção da CPI.

“Ocor­re que, em face dos bilhões de reais repas­sa­dos pelo Exe­cu­ti­vo fede­ral aos entes fede­ra­dos, além de ver­bas oriun­das das pró­pri­as fon­tes muni­ci­pais e esta­du­ais e dian­te das bre­chas escan­ca­ra­das por uma legis­la­ção cri­a­da sob regi­me de urgên­cia, fal­tou trans­pa­rên­cia e sobrou deso­nes­ti­da­de nos con­tra­tos fir­ma­dos entre ges­to­res públi­cos deso­nes­tos e a ini­ci­a­ti­va pri­va­da”, diz o tex­to de Girão.

A faci­li­da­de em com­pras com o dinhei­ro do gover­no fede­ral ligou aler­ta dos órgãos de inves­ti­ga­ção. A Polí­cia Fede­ral cal­cu­la que a pri­mei­ra ação envol­ven­do a pan­de­mia foi a Ope­ra­ção Alqui­mia, uma inves­ti­ga­ção pon­tu­al no inte­ri­or da Paraí­ba, na cida­de de Aro­ei­ras, com popu­la­ção esti­ma­da pelo IBGE em 19 mil habitantes.

Foram inves­ti­ga­dos con­tra­tos para com­pras de car­ti­lhas sobre a pan­de­mia —sen­do que os mate­ri­ais já esta­vam dis­po­ní­veis gra­tui­ta­men­te no site do Minis­té­rio da Saúde.

Até 26 de abril des­te ano, hou­ve ope­ra­ções rela­ci­o­na­das a com­pras que se ori­gi­na­ram nas uni­da­des da PF de ao menos 23 esta­dos, na mai­o­ria dos casos rela­ci­o­na­das a ver­bas dos muni­cí­pi­os, para apu­rar des­vi­os, con­tra­tos irre­gu­la­res, frau­des em lici­ta­ções e superfaturamentos.

Enten­da os prin­ci­pais pon­tos que envol­vem as sus­pei­tas de irre­gu­la­ri­da­des em uso de recur­so por esta­dos e muni­cí­pi­os na pandemia.

Como foi defi­ni­da a aju­da fede­ral dada aos esta­dos e muni­cí­pi­os por cau­sa da pan­de­mia? O prin­ci­pal auxí­lio foi pre­vis­to na lei com­ple­men­tar 173, de maio do ano pas­sa­do. Ela des­ti­nou aos esta­dos, ao Dis­tri­to Fede­ral e aos muni­cí­pi­os o valor de R$ 60 bilhões para apli­ca­ção em “ações de enfren­ta­men­to à Covid-19 e para miti­ga­ção de seus efei­tos financeiros”.

Foram R$ 37 bilhões com des­ti­na­ção pre­vis­ta aos gover­nos dos esta­dos e do Dis­tri­to Fede­ral e outros R$ 23 bilhões aos municípios.

Além dis­so, em abril do ano pas­sa­do medi­da pro­vi­só­ria pre­viu repas­se de outros R$ 16 bilhões para “com­pen­sa­ção da vari­a­ção nomi­nal nega­ti­va dos recur­sos repas­sa­dos pelo fun­do de par­ti­ci­pa­ção”. Há ain­da recur­sos do Minis­té­rio da Saú­de e de outras pastas.

Esse recur­so é exclu­si­vo para a área da saú­de? Não. Do repas­se de R$ 60 bilhões, por exem­plo, ape­nas R$ 10 bilhões são dire­ci­o­na­dos exclu­si­va­men­te à saú­de e assis­tên­cia soci­al. Des­se valor R$ 7 bilhões foram aos esta­dos e ao DF e R$ 3 bilhões aos municípios.

Quais medi­das faci­li­ta­ram o uso de recur­sos por ges­to­res? No caso do gover­no fede­ral, a lei que dis­põe sobre medi­das para enfren­ta­men­to de saú­de públi­ca devi­do ao coro­na­ví­rus auto­ri­zou a com­pra com dis­pen­sa de lici­ta­ção para arti­gos de pre­ven­ção e de enfren­ta­men­to à Covid-19.

“Pra­ti­ca­men­te todos [os ges­to­res] fize­ram leis ou decre­tos per­mi­tin­do e fle­xi­bi­li­zan­do esse tipo de con­tra­ta­ção”, afir­ma Rapha­el Sodré Cit­ta­di­no, pre­si­den­te do Ielp (Ins­ti­tu­to de Estu­dos Legis­la­ti­vos e Polí­ti­cas Públi­cas).

“A qual­quer momen­to, pela lei de lici­ta­ções, o ges­tor pode fazer con­tra­ta­ção dire­ta em situ­a­ção emer­gen­ci­al ou crí­ti­ca, não neces­sa­ri­a­men­te decla­ra­da ou decre­ta­da. Mas todo esse arca­bou­ço jurí­di­co que foi cri­a­do com a pan­de­mia do coro­na­ví­rus indu­ziu tam­bém um pro­ces­so de con­tra­ta­ções dire­tas no Bra­sil todo”, diz ele. “O ges­tor ficou mais con­for­tá­vel em fazer esse tipo de contratação.”

Para Cit­ta­di­no, não é pos­sí­vel dizer que essa fle­xi­bi­li­za­ção aumen­tou a frequên­cia de prá­ti­cas de cor­rup­ção no país. A onda de ope­ra­ções pode ser, tam­bém, por­que hou­ve uma mai­or aten­ção de órgãos de con­tro­le e fis­ca­li­za­ção –como a PF, a CGU, o Minis­té­rio Públi­co e os Tri­bu­nais de Con­tas— sobre as ver­bas des­ti­na­das a essas finalidades.

Qual o obje­ti­vo da CPI da Covid? Além de inves­ti­gar as ações e omis­sões do gover­no Jair Bol­so­na­ro na pan­de­mia, a CPI ficou com a fina­li­da­de de apu­rar “as pos­sí­veis irre­gu­la­ri­da­des em con­tra­tos, frau­des em lici­ta­ções, super­fa­tu­ra­men­tos, des­vio de recur­sos públi­cos, assi­na­tu­ra de con­tra­tos com empre­sas de facha­da para pres­ta­ção de ser­vi­ços gené­ri­cos ou fic­tí­ci­os, entre outros ilí­ci­tos” com recur­sos ori­gi­ná­ri­os da União por admi­nis­tra­do­res públi­cos fede­rais, esta­du­ais e municipais.

O que vinha dizen­do o pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro? Ele cobra­va que os repas­ses aos esta­dos e muni­cí­pi­os tam­bém fos­sem apu­ra­dos, defen­den­do aber­ta­men­te a ampli­a­ção da CPI. No últi­mo dia 10, por exem­plo, cri­ti­cou a pro­pos­ta ini­ci­al, que não incluía os outros governantes.

“A CPI [é] para apu­rar omis­sões do pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro, isso que está na emen­ta. Toda CPI tem de ter um obje­to defi­ni­do. Não pode, por exem­plo, por essa CPI que está lá, você inves­ti­gar pre­fei­tos e gover­na­do­res, onde alguns des­vi­a­ram recur­sos. Eu man­dei recur­sos para lá, e eu sou res­pon­sá­vel?”, disse.

Quais os prin­ci­pais casos de ope­ra­ções da PF por sus­pei­ta de irre­gu­la­ri­da­des em uso de recur­sos da pan­de­mia? Algu­mas ope­ra­ções de mai­or reper­cus­são envol­ve­ram gover­na­do­res. Em maio do ano pas­sa­do a PF foi auto­ri­za­da a fazer bus­ca e apre­en­são no Palá­cio das Laran­jei­ras, resi­dên­cia ofi­ci­al do gover­na­dor do Rio de Janei­ro, Wil­son Wit­zel (PSC), hoje afas­ta­do do car­go. A polí­cia mira­va um supos­to esque­ma de des­vio de recur­sos públi­cos des­ti­na­dos ao com­ba­te ao coro­na­ví­rus no estado.

Wit­zel se tor­nou réu sob acu­sa­ção de cor­rup­ção e lava­gem de dinhei­ro, após o STJ rece­ber a pri­mei­ra de três denún­ci­as da PGR con­tra o gover­na­dor afas­ta­do. Ele é acu­sa­do de ter che­fi­a­do um esque­ma de des­vio de recur­sos envol­ven­do con­tra­tos da Secre­ta­ria de Saú­de do Rio de Janeiro.

Segun­do a acu­sa­ção, ele lavou o dinhei­ro ilí­ci­to por meio de con­tra­tos fic­tí­ci­os com o escri­tó­rio de sua mulher, Hele­na Wit­zel. A par­tir das denún­ci­as de irre­gu­la­ri­da­des, Wit­zel tam­bém pas­sou a res­pon­der ao pro­ces­so de impe­a­ch­ment por cri­me de responsabilidade.

O ex-juiz negou no iní­cio de abril, ao tri­bu­nal que jul­ga seu impe­a­ch­ment, que tenha come­ti­do qual­quer ato ilí­ci­to e argu­men­tou aos desem­bar­ga­do­res e depu­ta­dos que não pode­ria acom­pa­nhar de per­to todos os con­tra­tos fir­ma­dos pela admi­nis­tra­ção estadual.

“Não dei­xei a magis­tra­tu­ra para ser ladrão. O que estão fazen­do com a minha famí­lia e com a minha espo­sa é mui­to cru­el. Deci­di dei­xar a magis­tra­tu­ra por ide­al, para que eu pudes­se aju­dar o povo do Rio a ter uma mudan­ça”, dis­se, chorando.

Tam­bém hou­ve três apu­ra­ções que inves­ti­ga­ram sus­pei­tas de des­vi­os no Gover­no do Pará e tive­ram, entre os inves­ti­ga­dos, o gover­na­dor Hel­der Bar­ba­lho (MDB).

Em junho, a Para Bel­lum inves­ti­gou sus­pei­tas de frau­des na com­pras de res­pi­ra­do­res pul­mo­na­res pelo Gover­no do Pará. Essa ope­ra­ção teve duas fases.

Meses depois, em setem­bro, a ope­ra­ção S.O.S. inves­ti­gou supos­tas irre­gu­la­ri­da­des na con­tra­ta­ção de orga­ni­za­ções soci­ais para a ges­tão de hos­pi­tais de cam­pa­nha em muni­cí­pi­os do esta­do. Os con­tra­tos foram fir­ma­dos sob dis­pen­sa de licitação.

No pedi­do fei­to ao STJ, o Minis­té­rio Públi­co Fede­ral dis­se que Hel­der “tra­ta­va pre­vi­a­men­te com empre­sá­ri­os e com o então che­fe da Casa Civil sobre assun­tos rela­ci­o­na­dos aos pro­ce­di­men­tos lici­ta­tó­ri­os que, supos­ta­men­te, seri­am lote­a­dos, dire­ci­o­na­dos, frau­da­dos, super­fa­tu­ra­dos, pra­ti­can­do pré­vio ajus­te de con­du­tas com inte­gran­tes do esque­ma cri­mi­no­so e, pos­si­vel­men­te, exer­cen­do fun­ção de lide­ran­ça na orga­ni­za­ção criminosa”.

Os secre­tá­ri­os dos Trans­por­te e da Casa Civil foram pre­sos na operação.

Em feve­rei­ro, a PF pediu ao STJ para indi­ci­ar Hel­der, refe­ren­te à pri­mei­ra apu­ra­ção. O gover­no para­en­se dis­se em à épo­ca que “demons­tra, sim, uma atu­a­ção pro­a­ti­va de quem teve e tem como pri­o­ri­da­de a pro­te­ção da saú­de dos paraenses”.

Em nota, o Gover­no do Pará afir­ma que “como é de conhe­ci­men­to públi­co, foi o pró­prio gover­no do esta­do quem des­co­briu e denun­ci­ou o mau fun­ci­o­na­men­to dos apa­re­lhos. Depois obri­gou a empre­sa a devol­ver os recur­sos adi­an­ta­dos na com­pra dos res­pi­ra­do­res. Não hou­ve dano ao erá­rio. O gover­no ain­da pro­ces­sa a empre­sa por danos morais coletivos”.

Já o gover­na­dor do Ama­zo­nas, Wil­son Lima, foi alvo de duas fases da Ope­ra­ção San­gria no ano pas­sa­do, que inves­ti­ga­ram sus­pei­ta de des­vio de recur­sos des­ti­na­dos ao com­ba­te à Covid-19. Segun­do a inves­ti­ga­ção, hou­ve com­pra de 28 res­pi­ra­do­res, com sobre­pre­ço, de uma empre­sa impor­ta­do­ra de vinho.

Na segun­da (26), na vés­pe­ra da CPI, ele foi denun­ci­a­do pelo Minis­té­rio Públi­co Fede­ral sob acu­sa­ção de lide­rar uma orga­ni­za­ção que pra­ti­ca­va pecu­la­to e dis­pen­sa inde­vi­da de licitação.

Em nota, Wil­son Lima dis­se que “a denún­cia ofe­re­ci­da pela PGR não apre­sen­ta pro­vas do envol­vi­men­to dele em supos­tos cri­mes”. “Man­te­nho total con­fi­an­ça na Jus­ti­ça, que have­rá de, opor­tu­na­men­te, reco­nhe­cer que as acu­sa­ções são total­men­te infun­da­das”, dis­se o governador.

Gover­nan­tes têm rea­gi­do às medi­das de apu­ra­ção? Como mos­trou o Pai­nel, um gru­po de gover­na­do­res quer pedir ao Con­se­lho Naci­o­nal do Minis­té­rio Públi­co o afas­ta­men­to da sub­pro­cu­ra­do­ra Lindô­ra Araú­jo do Giac (Gabi­ne­te Inte­gra­do de Acom­pa­nha­men­to da Epi­de­mia de Covid-19) e da inves­ti­ga­ção sobre pos­sí­veis des­vi­os de ver­bas fede­rais des­ti­na­das aos esta­dos para com­ba­ter a pandemia.

A sub­pro­cu­ra­do­ra enca­mi­nhou um ofí­cio com per­gun­tas sobre gas­tos com a pan­de­mia em que acu­sa os gover­na­do­res de mau uso do dinhei­ro públi­co. No docu­men­to, Lindô­ra Araú­jo abor­da sus­pei­tas de des­vi­os levan­ta­das pelo pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro. Os ques­ti­o­na­men­tos foram enca­mi­nha­dos após a cri­a­ção da CPI da Covid.

Aces­se a repor­ta­gem em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/04/entenda-os-repasses-a-estados-e-municipios-na-pandemia-e-as-suspeitas-que-estao-no-alvo-da-cpi.shtml

 

 

 

Related Posts

Post a Comment